Dicas de Viagem

Viagem com autistas – Confira as dicas de Andréa Werner

  • Créditos/Foto:Divulgação
  • 26/Junho/2024
  • Paulo Basso Jr.

Deputada estadual, autista, mãe de autista e ativista na causa PcD há mais de uma década. Assim se define Andréa Werner, que conversou com o Rota de Férias para contar como foi sua experiência de viagem para Orlando com o filho Theo, quando visitou os parques do grupo do SeaWorld, e dar dicas importantes para quem planeja tirar férias com pessoas neurodivergentes para a Flórida ou mesmo outros destinos.

Referência no tema, Andréa adota uma abordagem sensível e informada que ajuda a desmistificar preconceitos e promover uma maior compreensão a respeito da neurodiversidade. Como mãe de um filho autista, usa sua vivência para orientar e apoiar outras famílias, com dicas práticas e estratégias para melhorar a qualidade de vida de crianças e adultos.

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Viagem com autistas

Confira as dicas de Andréa Werner para quem planeja viajar com pessoas neurodivergentes, sobretudo, para Orlando.

Como as famílias com pessoas neurodivergentes podem se preparar melhor ao programar uma viagem?

A antecipação é um conceito relativo para cada autista. Alguns ficam bem com uma preparação superelaborada, que pode ter como base, por exemplo, o desenvolvimento de uma história em quadrinhos. Nela, dá para explicar quando, a partir daquele momento, irão pegar o avião, quantas horas passarão nele, como vão se alimentar no ar, como é dormir enquanto voam e por aí vai. Na sequência, é importante incluir o local em que irão chegar e o que pretendem fazer lá. Chamamos isso de história social: transformar as experiências em quadrinhos. Existem vários criptogramas gratuitos disponíveis na internet, incluindo alguns específicos de viagens aéreas. Aqui, vale dizer que o tempo de elaborar essa antecipação depende muito da criança ou do adolescente autista.

Quais direitos os acompanhantes de pessoas neurodivergentes têm ao viajar de avião com passagens aéreas compradas no Brasil para trechos nacionais ou internacionais?

O direito à assistência de acompanhante deve ser prestado pela empresa aérea nos casos em que a pessoa com deficiência esteja viajando sozinha e com condições que a impeçam de exercer autonomia no voo. Esse pedido deve ser feito na hora de comprar as passagens, e a empresa tem 48 horas para responder. A critério da companhia aérea, o acompanhante pode ser indicado por ela (sem cobrança adicional) ou escolhido pelo passageiro – que, neste caso, deverá custear a viagem de quem for com ele. Quando tudo for aprovado, a pessoa com deficiência não tem desconto, mas seu acompanhante, sim. Ele pagará, no máximo, 20% do valor do bilhete adquirido pelo passageiro. Desde 2022, a ANAC reforça que esse desconto vale apenas para acompanhantes maiores de 18 anos.

Quais dicas práticas você daria aos pais de ou responsáveis por pessoas neurodivergentes em relação ao dia a dia da viagem?

Uma dica prática importante é a preparação para o voo. Levar sempre uma mochila com várias mudas de roupa, por exemplo, é algo importante. O Theo costumava vomitar sempre que entrava no avião. Percebi que isso era sensorial, por causa dos cheiros acumulados no ambiente fechado. Passamos muitos apertos, pois ele vomitava mais de uma vez. Então, é importante levar várias trocas de roupa. Se tiver um tablet, baixe vídeos para que seu filho possa assistir a algo que ele gosta durante a viagem, pois nem sempre o wi-fi do avião funciona. No caso do Theo, como ele não é oralizado, usávamos também uma comunicação por troca de figuras, o PECS, antes de adotar um aplicativo de comunicação alternativa. Tínhamos uma pastinha pequena de PECS com os procedimentos básicos que ele poderia solicitar durante o voo, como ir ao banheiro, querer dormir ou estar com fome. Mesmo para quem já usa aplicativo, recomendo adotar essa pastinha, pois a bateria pode acabar. Aliás, é fundamental ter cargas extras por perto.

Qual é a melhor maneira de lidar com situações imprevistas ou que fogem do controle e são típicas de viagens, como mudanças de planejamento, filas inesperadas e rotinas interrompidas?

Cada um sabe como o filho se regula melhor. O Theo não tem muito problema com quebra de rotina, por exemplo. Geralmente, explicamos o que aconteceu e arrumamos algo melhor para fazer. Isso é o suficiente para ele ficar bem. Mas cada criança tem seu processo, então é difícil estabelecer um padrão.

Você esteve em Orlando com seu filho em 2019. Com base em sua experiência, que dicas você daria às famílias com crianças ou adolescentes neurodivergentes que estão planejando uma viagem para lá?

Meu principal conselho é tentar viajar em épocas que não sejam tão quentes. Neurodiversidade é um conceito muito amplo, mas pensando especificamente em autismo, o calor costuma ser muito prejudicial. Quando estivemos lá em março (primavera nos EUA), meu filho Theo se desregulou bastante por causa da alta temperatura. Não era sequer verão, mas Orlando é um lugar muito quente. Tive que entrar em lojas com ar-condicionado para ele se regular porque, apesar de os parques do grupo do SeaWorld terem salinhas de descompressão, havia mães amamentando bebês nelas, Então, não tinha como ele ficar ali.

Como lidar com as expectativas em relação às atrações e estímulos oferecidos pelos parques temáticos?

É importante entrar no site dos parques temáticos para verificar se alguma atração, por qualquer motivo específico, não está funcionando. Assim, evita-se a situação de a criança chegar lá e descobrir que algo que desejava muito está fechado, o que pode gerar uma crise. É crucial se preparar para tudo que pode acontecer por lá. Os parques do grupo SeaWorld (Nota da redação: além do SeaWorld, fazem parte do grupo United Parks & Resorts os centros de lazer Busch Gardens, em Tampa, e Aquatica e Discovery Cove, em Orlando), por exemplo, adotam uma fila especial e uma pulseirinha especial para o autista e seus acompanhantes entrarem nas atrações sem fila. Quanto a isso, portanto, não há problemas. De qualquer forma, antecipar as informações é o melhor jeito de ajustar as expectativas.

Nota da redação: os parques da Universal Orlando exigem apresentação da carteirinha do IBCCES para as pessoas com deficiência e acompanhantes não pegarem filas. Ela pode ser solicitada facilmente neste site. Os centros de lazer da Disney World, por sua vez, adotam procedimentos mais complexos de registro e reserva de filas em casos de necessidades especiais. Consulte-os aqui.

Você mencionou que os parques do SeaWorld contam com salas de descompressão. O que mais eles oferecem em termos de apoio para pessoas neurodivergentes e seus acompanhantes?

Os parques do grupo SeaWorld têm certificação de amigo do autista (Nota da redação: as áreas infantis do SeaWorld e do Busch Gardens são certificadas, assim como todo o Discovery Cove. O Aquatica deixou de ser neste ano, embora mantenha vários procedimentos amigáveis a pessoas neurodivergentes), e os funcionários são treinados para identificar pessoas com autismo e ajudá-las. Como já mencionei, há também as pulseirinhas para pular filas, que podem ser retiradas nos centros de informação dos parques. Existem ainda as salinhas de descompressão, mas o fato de elas estarem sendo usadas para mães amamentarem acabou as tornando menos úteis, ao menos quando estive lá. Acho justo que as mães tenham um lugar calmo e fresco para amamentar, mas penso que deveria haver alguns espaços específicos para este fim e outros voltados para a descompressão dos autistas.

De modo geral, como você classifica sua experiência e a do Theo em Orlando?

A experiência foi muito boa. De fato, as únicas coisas que desregularam o Theo foram o calor e a questão da sala sensorial estar cheia. Mas fomos muito bem atendidos, inclusive pela pessoa que nos recebeu e nos acompanhou. Foi uma ocasião inesquecível para o Theo. Ele gostou muito de todo o passeio, de não pegar fila para brincar e de contar com toda a rede de assistência disponibilizada.

Com todo esse sucesso, você voltaria a Orlando com o Theo? Caso positivo, o que espera que tenha evoluído em relação à última visita?

À época, viajamos a convite, mas posso dizer que certamente voltaria como consumidora. O Theo, de fato, se divertiu muito. Tirando a questão da sala sensorial, que poderia se exclusiva, sem dúvida foi uma viagem muito positiva para todos nós.

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