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Onde tomar a melhor ginjinha de Lisboa
- Créditos/Foto:visit welovelisbon.net on Visualhunt / CC BY-NC-ND
- 19/Dezembro/2017
- Paulo Basso Jr.
Quem viaja a Lisboa costuma voltar com um bocado de boas recordações para casa, entre as quais duas se destacam: a primeira é que poucos lugares do mundo recebem com tanta simpatia os turistas. E a segunda é que não dá para passar pela capital portuguesa sem provar ao menos um gole de ginjinha, uma das bebidas típicas mais populares do país.
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Tudo isso se misturou quando lá estive recentemente e, descendo uma escadaria que liga o Chiado à região da Baixa, atrás do Museu Arqueológico do Carmo, entrei em uma portinha despretensiosa, sobre a qual uma placa indicava o nome do local: Ginjinha do Carmo. Faltava pouco para o almoço e, sabe como é, para abrir o apetite, achei que valia a pena tomar uma dose da bebida feita a partir da ginja, frutinha semelhante à cereja, e que leva ainda aguardente (muitas vezes caseira), açúcar e pau de canela.
A funcionária, simpática que só ela, completou com um líquido vermelho-escuro um daqueles copos pequenos, muito usados no Brasil para servir pinga. A dose também podia vir no copinho de chocolate, que dispensei.
Dei um pequeno gole para sentir o sabor e, hmm, que delícia. Docinho, mas com o teor de álcool (geralmente em torno de 23%) pronunciado. Foi o bastante para virar o shot de uma vez e querer mais.
Estava pronto para partir para a segunda rodada quando comecei a bater papo com a moça. Sorridente, ela me explicou que muito se lê sobre a ginjinha de Óbidos, pois a bebida seria originária dessa linda cidade portuguesa, mas que as melhores versões estão hoje nas pequenas tascas de Lisboa.
“E não falo apenas sobre a que sirvo. Depois da Ginjinha do Carmo, tem pelo menos mais duas que você precisa experimentar: A Ginjinha, a mais antiga da cidade, e a Sem Igual, a segunda melhor. A primeira é a minha, claro”, riu como quem sabe o que está falando.
Vendo meu interesse, ela tomou um guardanapo nas mãos e começou a desenhar o “mapa das melhores ginjinhas de Lisboa“. Todas ficavam próximas dali e daria para visitá-las em uma caminhada de menos de 10 minutos. Eba.
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Almoço às favas, lá fui eu fazer o tour das ginjinhas. A primeira parada se deu na famosa Praça do Rossio, mais precisamente no Largo São Domingos, pertinho da igreja homônima, também chamada de Igreja Queimada (um templo com história e visual espetacular, por sinal).
Ali encontrei A Ginjinha, um lugar simples e acanhado. Trata-se de um simples balcão, na verdade, com uma placa em frente à porta que conta a história de Espinheira, o galego que, em 1840, fundou o primeiro estabelecimento que começou a vender a bebida em Lisboa. Mais convidativo que isso, impossível.
Cotovelo devidamente apoiado no balcão, pedi ao atendente – um senhor magro e de bigode – uma dose, prontamente servida a partir de uma garrafa repleta das frutinhas. Dessa vez, quis experimentá-las. Tirei uma do copo e mordi um pedaço. Argh! Não gostei.
A bebida, felizmente, é bem melhor que a fruta. E assim provei o líquido hoje batizado de “Espinheira”, ligeiramente mais adocicado que o da Ginjinha do Carmo. Gostoso, mas um pouco inferior ao concorrente, na opinião absolutamente leiga deste jornalista viajante.
Era hora então de ir para a Sem Igual conferir se o nome fazia jus à fama. Dei de frente com mais um lugar pequeno na Rua das Portas de Santo Antão, nº 7, a cerca de dois minutos da A Ginjinha, se tanto. Tradicional, o local funciona, pelo menos, desde 1890, conforme algumas fotos comprovam.
Ali, há duas bebidas muito desejadas: a ginjinha Sem Igual e o licor Eduardino, feito em homenagem a um famoso palhaço de Lisboa, que em outros tempos misturava ginjinha a anis antes de entrar no palco. A pouco singela decoração destaca garrafas e notas de dinheiro do mundo inteiro, inclusive do Brasil, espalhadas nas paredes que envolvem o balcão e em armários de vidro e madeira escura ou pintada de verde-bandeira.
O que me interessava, porém, era a ginjinha, ora pois, e assim tratei logo de pedir uma. Já mais “experiente”, sorvi com cuidado a bebida servida no copinho. Considerei-a equilibrada em relação às concorrentes, não tão doce, não tão amarga. Vale a visita, sem dúvida.
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Três copinhos depois das melhores ginjinhas de Lisboa, finalmente me rendi ao almoço, pois o apetite estava mais que aberto. Bacalhau, sardinha, leitão, pastel de nata, aquela coisa toda…
No dia seguinte, a programação era longa, mas espremi o tempo para voltar a ao menos um dos estabelecimentos e tomar uma última dose antes de me despedir da cidade. E assim fui à Ginjinha do Carmo. Afinal, eles tinham me comprado não só pelo sabor, mas também pela simpatia, essa marca tão característica da capital portuguesa, com certeza.