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Família planeja volta ao mundo a bordo de motorhome
- Créditos/Foto:Arquivo Pessoal
- 26/Abril/2018
- Redação
O desejo de conhecer o mundo fez Rodrigo Nunes planejar uma volta ao mundo em família. Há nove meses, ele e a esposa deixaram casa e emprego fixo para caírem na estrada com os três filhos. Desde então, viajam pelo Brasil. Atualmente, estão em Natal (RN), no início de um tour que promete rodar o planeta em seis anos a bordo de um motorhome – ônibus transformado em lar, com quarto, sala, cozinha e banheiro.
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Volta ao mundo em família
Um misto de alegria e saudade acompanha o grupo, seja ao chegar em um local novo ou na hora de se despedir das pessoas que vão ficando para trás. Rodrigo conta que gosta de pegar estrada desde os 14 anos. “Eu saía de bicicleta pelas cidades vizinhas de onde morava. Minha avó achava lindo, me incentivava e contava que a mãe dela tinha esse sonho, de viver livre”, afirma.
Daí para frente, não parou mais. Dos 35 países do continente americano, Rodrigo já visitou 17 sob duas rodas, em duas viagens. Uma Honda 250 foi sua única companhia da primeira vez. No segundo tour, a esposa foi junto na garupa. “Foi ótimo. Ela não demorou para perceber que cair na estrada não é esse monstro que as pessoas pintam. Você encontra pessoas boas, que te recebem bem e ainda te ajudam, caso precise”, explica.
O grupo partiu de São Roque, no interior de São Paulo, em um Mercedes com três eixos, ano 1995. Desde então, seguiram rumo ao Nordeste pela costa brasileira. “Ficaremos no País até outubro. Queremos passar por outros estados, como Pará e Amazonas, cruzando o norte da América do Sul até alcançar a Colômbia”, conta.
Em seguida, a ideia é viajar até o Panamá. “Muita gente não sabe, mas não há rodovia que ligue a Colômbia à América Central. Uma vez do outro lado, seguiremos para Miami, nos Estados Unidos. Em seguida viajaremos para Europa, Ásia e África antes de voltar para o Brasil”.
Vida na estrada
Autor do livro “Fique Rico Viajando”, o aventureiro aproveitar a visita a novos destinos para comercializar a obra e, dessa forma, ajudar no financiamento da viagem. Se no trajeto há algum shopping, por exemplo, Rodrigo entra em contato com a administração para solicitar a permanência do motorhome no estacionamento e vender o livro em alguma loja. “É assim que colocamos comida na mesa e aproveitamos para alimentar o sonho das pessoas dos locais pelos quais passamos”, comenta.
Para se dar bem nos próximos destinos, Rodrigo acredita que será necessário traduzir o livro pelo menos para inglês e espanhol e, a partir daí, buscar um patrocínio. “Eu falo espanhol fluente e o, o Lucas, mais velho entre os filhos, tem inglês perfeito. Mesmo assim, estamos procurando ajuda para fazer a tradução da obra, já que é um trabalho específico”, afirma.
Sobre os diferentes idiomas que encontrará ao longo do roteiro, Rodrigo não tem receio de se deparar com situações de dificuldade de comunicação. A ideia é sempre passar bastante tempo nos lugares, a fim de se adaptar da melhor forma possível e absorver a cultura. “Aprendi a falar espanhol, por exemplo, durante a primeira viagem que fiz de moto”.
Família
O convívio familiar é algo diferenciado entre o grupo. “Estamos o tempo todo juntos. No dia a dia, em suas casas, muitas vezes as pessoas se distribuem pelos quartos e mal se veem. Eu tenho a oportunidade de estar próximo dos meus três filhos o tempo todo e vê-los crescer, principalmente as meninas mais novas.” Lucas tem 18 anos; Mariana e Laura, 8 e 6, respectivamente.
Ao decidirem viajar, Rodrigo e a esposa dividiram a decisão com a família. Uns acabaram compreendendo mais que outros, mas todos aceitaram a decisão. “Entre os nossos filhos, o Lucas, por ser mais velho, poderia não se empolgar, buscar outros objetivos. Mas ele quis vir e foi incrível – imagina você poder conhecer o mundo para então decidir o que quer fazer da vida? É uma oportunidade que muitos deveriam ter”, conta Rodrigo.
Educação
As meninas estão matriculadas regularmente em uma escola particular, que envia as apostilas e material de apoio por correio para que o acompanhamento seja feito durante a viagem.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394 de 1996, constante do Código Processual Civil, prevê a possibilidade do estudo domiciliar. “Têm sido muito interessante, pois, em matérias como geografia, nós já passamos por locais e divisas sobre as quais ela estão aprendendo nos estudos”, afirma.
Outras temáticas, como História e Biologia, também já foram vivenciadas mais de perto pelas crianças, em visitas a museus e observação da natureza em destinos brasileiros.
Presentes da estrada
Respeito ao próximo e conhecimento sobre diferentes culturas são outros dos benefícios da estrada às crianças. “Esperamos que a experiência faça com que elas cresçam livre de qualquer preconceito – religião, raça, credo ou cultura.”
Outro situação boa, vinda com a ideia da volta ao mundo, é o planejamento de vida. Rodrigo comenta que, graças à vivência na estrada, passou a trabalhar e pensar no que queria pelo próximos cinco anos, e muitas pessoas não têm esse costume. “Tem muita gente que segue o caminho da vida naturalmente, sem pensar em nada lá na frente, o que pode trazer algum problema. Quase todo mundo planeja o dia, mas não o quer para a vida”.
Roteiro de vida e futuro
A viagem em família a bordo do motorhome segue um cronograma pré-definido, que abrange lugares que todos desejam conhecer. “Vamos basicamente onde queremos. A única coisa que pode nos limitar um pouco é a condição da estrada. Mas aí estacionamos nossa ‘casa’ em algum lugar, pegamos um Uber para o destino e depois voltamos”.
O viajante conta que, sempre que possível, avalia detalhes do próximo destino com um mês de antecedência, como onde ficar, documentações necessárias e o que tem para fazer nos arredores. Sobre permissões de entrada e condução nos países, é preciso tirar visto previamente para ingressar nos Estados Unidos, por exemplo, mas para os outros países, a autorização pode ser tirada um pouco mais próxima à entrada do local – seja na fronteira ou no consulado.
Para Rodrigo, a parte mais difícil é deixar o local pelo qual passou. “As pessoas nos procuram e é fácil fazer amizades na estrada. Aqui em Pipa, por exemplo, nos encontramos com um casal que conhecemos em João Pessoal [PB] e veio até aqui para nos rever. Quando formos embora, eu realmente não sei se vamos nos encontrar novamente. Vai saber, pode ser que eu nunca volte para cá. Então é bom aproveitar.”
Sobre o futuro após a viagem de volta ao mundo, Rodrigo enfatiza que, por enquanto, não há grandes planos. “Acredito entretanto, que teremos de parar em algum momento, principalmente pelas meninas. Elas vão querer fazer amigos, faculdade, namorar. É normal querer fincar raízes”, finaliza.