Dicas de Viagem
Favelados Pelo Mundo: se inspire nos roteiros do casal Thamyra e Marcelo
- Créditos/Foto:Divulgação
- 29/Janeiro/2020
- Luchelle Furtado
Juntos há cinco anos, Thamyra Thâmara e o Marcelo Magano partilham nas redes sociais, o perfil Favelados Pelo Mundo, que mostra suas viagens culturais, sustentáveis e inspiradoras. Com o objetivo de incentivar jovens de periferia a realizarem roteiros para fora do Brasil, o casal mostra que é possível fazer as malas sem gastar muito.
O Rota de Férias conversou com Thamyra para saber um pouco mais sobre o projeto, confira na entrevista:
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Conheça o Favelados Pelo Mundo
Rota de Férias: Quando tudo começou e você percebeu que era possível viajar sem gastar muito?
Thamyra Thâmara (@faveladospelomundo): A primeira viagem que fiz para fora do Brasil foi quando eu tinha 19 anos – atualmente Thamyra está com 31 anos – e juntamente com dois amigos fizemos um roteiro pela América Latina, passando por Chile, Peru, Bolívia e Argentina. Com isso, me tornei a primeira pessoa da minha família a viajar fora do País. Na época, não pensava que isso seria possível e a minha mãe achou a maior loucura o que nós três íamos fazer. Eu fazia estágio, enquanto ainda estava na faculdade de jornalismo, e ganhava uns R$ 700 por mês. Fui juntando dinheiro por um ano e quando fomos viajar estávamos com R$ 3 mil reais para passar um mês. Então, desde que fiz essa viagem percebi que tinha muita gente que ia viajar e ficava em albergue, em hostel, que cozinhava a própria comida e ia para várias lugares fora dessa ideia de que para viajar é preciso ter muita grana, ficar em hotel caro, etc. Com isso, fui mordida pelo “bicho da viagem” e depois disso fui sozinha para Nova York, viajei de novo pela América Latina e não parei mais.
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RF: Quem teve a ideia de criar o “Favelados pelo Mundo”?
TT: Quando eu e o Marcelo nos conhecemos, ele já gostava de viajar, apesar de, na época, não ter tido a oportunidade de ir para fora do País. Mas ele passeava dentro do Brasil. Então, a gente compartilhou esse desejo de viajar e organizamos nossa primeira viagem juntos, que foi para Colômbia. Aí ele teve a ideia de fazer esse programa e de compartilhar a nossa organização de viagem e as nossas ideias. Com isso, a gente iria viver uma aventura sendo Favelados Pelo Mundo.
RF: Qual o objetivo do Favelados pelo Mundo?
TT: O objetivo do projeto foi compartilhar com outros jovens, com uma origem muito parecida com a nossa. O pessoal de favela, de periferia, de subúrbio e jovens negros. Tudo isso, mostrando que não existe só a viagem de luxo. A gente fez isso porque viajar deveria ser um direito de todos, já que isso é lazer. Porque assim você aprende muito sobre outras culturas, sobre empatia, geografia e história. Então, a ideia era mostrar que isso era uma coisa possível para pessoas como a gente.
RF: Como vocês procuram conversar com o público? O retorno que vocês têm é positivo?
TT: O que a gente pretende com o nosso público é inspirar outros jovens a organizar o seu primeiro mochilão e incentivá-los a fazer uma viagem que não tem muito essa ideia do consumismo de que para viajar é preciso comprar muita roupa e muita coisa. A ideia é mostrar viagens imersivas onde você não vai comer no McDonald’s e sim conhecer aquele lugar, com o olhar de quem mora ali e da cultura local. A gente chama isso de uma viagem mais sustentável. Isso porque, ela vai ser mais positiva para o lugar que você vai, já que você vai deixar algo ali e vai movimentar a cultura local. E também para você, já que vai fazer uma viagem que ajuda a desconstruir estereótipos pelo mundo. A gente quer mostrar que isso é possível.
RF: Como são essas viagens imersivas?
TT: Quando as pessoas vão para o Rio de Janeiro, elas não necessariamente vão para uma favela, sendo que elas poderiam ir sim fazer turismo naquele lugar e desconstruir esse estereótipo de que ali é um lugar super perigoso. Por exemplo, estávamos agora em Soweto, que é uma das maiores favelas da África. Lá é super cultural, tem muitas festas e galerias de arte. A gente tem o desejo de mostrar o turismo nesses países, principalmente as comunidades, com um olhar mais empático e cultural.
RF: Quem produz o conteúdo?
TT: Os programas de vídeo, geralmente, quem apresenta é o Marcelo, e eu fico mais na parte de blog. Os textos do Instagram, as entrevistas com as pessoas e as histórias são as partes que eu mais faço. Além disso, eu que cuido da parte de organizar a viagem e pensar no lugar para onde vamos. E o Marcelo fica mais com a parte de vídeo com uma pegada de humor, de fazer piada e de entrevistar as pessoas no estilo de entretenimento.
RF: Quais equipamentos vocês usam para postar fotos e vídeos?
TT: Em uma viagem que fizemos para São Tomé e Príncipe, na África, fizemos um vídeo bem elaborado com drone com uma equipe que conhecemos na Angola e também são produtores audiovisuais e produziram para a gente. Mas, basicamente, fazemos as coisas mais sozinhos mesmo, com um iPhone 7 e uma GoPro.
RF: Como foram as experiências de vocês ao longo dessas viagens?
TT: Já visitamos 16 países e temos gostado muito do continente africano. Nós fomos para São Tomé e Príncipe, que é uma ilha, para Angola e agora África do Sul. Esse ano a gente pretende ir para a Nigéria, Senegal e Gana. Nós já passamos muitos perrengues. Na Angola, a gente já andou em ônibus bem caóticos. Também ficamos com dor de barriga e tivemos que, literalmente, ir no meio do mato, bem em uma fossa. No México, tivemos intoxicação alimentar, mas no final deu tudo certo. A gente tem muita história legal, muitas pessoas maneiras que a gente encontra no caminho, e que fazemos amizade. Costumamos dizer que em toda viagem a gente encontra um anjo.
RF: Hoje vocês conseguem viver do blog e das redes sociais ou ainda trabalham com outras coisas?
TT: A gente vive, no meu caso, como jornalista, e, no caso do Marcelo, como roteirista e comediante. Não vivemos ainda do blog e acho que isso ainda é bem difícil, porque apesar da gente ter 10 mil seguidores no Instagram, ainda assim não é tanta coisa para conseguir vários patrocínios. Então, o Favelados Pelo Mundo é um hobbie que inspira outras pessoas.
RF: O que vocês acham da função de impulsionamento de posts do Facebook? E quanto à opção (não indicada) de comprar seguidores no Instagram?
TT: A gente usava muito mais o Facebook quando ele tinha um alcance muito maior e não precisava impulsionar. Hoje em dia a gente o abandonou um pouco e estamos usando muito mais o Instagram. Mas não fazemos questão de comprar seguidores, porque acreditamos que se produzirmos um conteúdo interessante, as pessoas vão gostar e se interessar organicamente, sem precisar comprar ninguém.
RF: Quais dicas você daria para quem deseja se tornar um social media influencer de turismo?
TT: Nós estamos ainda muito no início, estamos apenas engatinhando, mas a minha dica é que as pessoas produzam um conteúdo que elas acreditem, porque, a partir daí, as pessoas vão se interessar. Se elas conseguirem autenticidade e verdade, vai dar certo.
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