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Conheça Cesky Krumlov, uma das cidades mais lindas do mundo

  • Créditos/Foto:
  • 30/Agosto/2017
  • Paulo Basso Jr.

Era uma vez uma família nobre que morava em um castelo medieval. Em torno dele, pequenas casinhas cresceram às margens de um rio em formato de “U”, criando uma paisagem pitoresca na qual uma série de telhadinhos vermelhos salpica em contraste com o céu azul e com as árvores verdes espalhadas pelas montanhas. Isso tudo podia ser apenas um entre tantos cenários de conto de fadas, mas o fato é que existe de verdade, tem nome e sobrenome: Cesky Krumlov.

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Localizada a duas horas e meia de Praga, a cidade checa declarada Patrimônio Histórico pela Unesco em 1992 é um dos destinos mais bonitos do mundo. Se ficasse na Itália ou na França, países turísticos por excelência, seria propagada aos quatro ventos e viveria abarrotada de visitantes. Sorte que não fica, o que a torna mais especial por manter um inconfundível clima de Idade Média e o delicioso charme de um lugar a ser explorado.

Visitar Ceský Krumlov é como imergir no universo de uma fábula infantil. Por todos os lados, pontes de madeira cruzam o Rio Moldávia e dão acesso a ruas estreitas repletas de lojas, restaurantes e casinhas barrocas. Quase todos os caminhos levam a praça principal, onde fica a antiga prefeitura. Ao caminhar por eles, todo mundo se sente ininterruptamente vigiado pelo grande cartão-postal da região: o Castelo Krumlov. E coloca grande nisso, já que se trata da segunda maior edificação do gênero na República Checa, o que não é pouco considerando que o país, cujo tamanho é semelhante ao do Estado de Pernambuco, abriga mais de 2 mil castelos – o maior de todos é o de Praga.

Paulo Basso Jr.
O lindo Castelo Krumlov se destaca na paisagem da cidade

 

A grande surpresa é que, de sisuda, a fortaleza medieval não tem nada. Embora o início de suas obras remeta ao século 13, Krumlov perdeu as feições góticas ao longo do tempo e ganhou uma roupagem renascentista repleta de cores vivas. Qualquer semelhança com os castelos dos contos de fadas não é mera coincidência. As paisagens da região central da Europa inspiraram quase todos eles.

Tem um presépio lá embaixo

A visita ao castelo, como não poderia deixar de ser, é o ponto alto da visita a Ceský Krumlov. Curiosamente, a edificação nunca pertenceu a um rei, mas sim a diversas famílias tradicionais da região, quase todas destacadas pelo sufixo erk no sobrenome: Rozmberk, Eggenberk, Schwarzenberk… Assim foi até a Segunda Guerra Mundial, quando a Gestapo, extinta polícia nazista alemã, confiscou a fortaleza. Depois da batalha, o castelo sofreu um pouco com o descaso comunista, mas finalmente foi aberto ao público. Hoje, brilha reluzente sobre as falésias e arcos que não só o sustentam como dão acesso à parte histórica da cidade.

Uma escada moderada leva à sua entrada, marcada por uma pequena ponte de pedra que se estende sobre um fosso. Nele, vivem dois ursos que, para delírio dos visitantes, dão as caras na maior parte do ano. Trata-se de uma tradição dos castelos da região.

Já dentro de Krumlov, todo mundo é recepcionado no primeiro dos cinco grandes pátios com pinturas renascentistas espalhados pelo castelo. Dele, chega-se à parte mais emblemática da fortaleza: a torre renascentista. Com 260 coroas (cerca de 10 euros) e uma boa dose de coragem para encarar a estreita e interminável escada em caracol, atinge-se ao topo em cerca de 5 minutos. Acredite: todo e qualquer esforço vale a pena. A vista lá de cima é sensacional. O rio, os telhados vermelhos das casinhas e as torres das igrejas fazem todo mundo pensar que tem uma cidade de presépio lá embaixo. A torre permite uma vista de 360 graus da região e é difícil escolher qual é o melhor ângulo. Vista de cima, Český Krumlov é, com o perdão da força de expressão, absolutamente fabulosa.

De volta à terra, é possível visitar diversos ambientes internos do castelo, que ficam abertos entre abril e outubro. Para não perder muito tempo, vá direto ao que interessa: a sala de máscaras e o teatro barroco. Depois, passei pelos jardins onde despontam lindas fontes, uma delas rococó, e o castelo de verão Bellarie (sim, tem um castelo dentro do castelo). Nele, há uma bizarra estrutura moderna que funciona como palco giratório, já que diversas apresentações teatrais ao ar livro são realizadas por lá durante o verão.

Ah, antes de visitar Krumlov, não se esqueça de carregar bem a bateria da câmera fotográfica e separar um bom espaço na memória. Afinal de contas, em diversos pontos da fortificação há mirantes com vistas inacreditáveis, uma mais bonita que a outra. São tantas maravilhas que, ao voltar para casa, não será nada fácil escolher qual imagem abrirá seu álbum fotográfico.

Paulo Basso Jr.
Vista a partir de um dos lindos mirantes do castelo

Sótão mal-assombrado

Como um período do dia é suficiente para conhecer as partes mais interessantes do castelo, o outro deve ser dedicado ao centro histórico de Cesky Krumlov. Lá, não faltam atrações curiosas, como o Loutek – Pohádkový Düm. Trata-se de um Museu de Contos de Fadas com cerca de 300 marionetes expostas em cenários que retratam histórias de crianças e lendas do folclore regional. A parte mais, digamos assim, estimulante do passeio é uma visita ao sótão do museu, onde todos os visitantes descobrem porque brinquedos e filmes de terror sempre tiveram uma relação estreita. O lugar é sombrio e, reza a lenda, mal-assombrado. Uma dama de branco que seria a alma de uma esposa maltratada por um dos nobres que viveram no castelo teria sido vista por lá diversas vezes pelos funcionários. Duvida? Então sobe lá sozinho.

Bem mais amplos, mas igualmente sinistros, são os dois restaurantes mais famosos de Cesky Krumlov: o Krcma v Satlavské e o Mastal. O primeiro funciona em uma antiga prisão medieval, um calabouço de verdade, e o segundo em um velho estábulo. Ambos são especializados em cortes de carnes, mas o divertido mesmo por lá é curtir o ambiente. Só não é muito fácil conseguir uma mesa na alta temporada, a não ser que se faça uma reserva logo cedo.

De convencional, a cidade conta com alguns palácios e igrejas. Se é que dá para chamar de convencional a Igreja de São Vito, feita no século 14 em estilo gótico e tida como um dos prédios mais antigos da região. Outro lugar interessante é o Egon Schiele Art Centrum, museu situado em uma antiga cervejaria do século 15 e que conta com uma série de galerias e exposições com referências ao pintor austríaco Egon Schiele, que morou na cidade por um período curto no início do século.

Depois de visitar tudo isso, não deixe de fazer compras – os souvenires por lá são bem mais baratos que os vendidos em Praga – e de parar para tomar café nos diversos restaurantes espalhados pelo Rio Moldávia. Alguns deles dão vista para o castelo e transmitem a deliciosa sensação de que quem mora em Český Krumlov tem um destino certo: viver feliz para sempre.

Budweiser, a original

Antes que o conto de fadas acabe, porém, uma boa dica é esticar um pouco mais a história, pernoitar na região e visitar outra cidade marcante da República Checa: Cesky Budejovice. O nome é difícil, mas o lugar é lindo. Fundada em 1264, a região foi planejada em formato de xadrez. Por isso, é muito fácil andar por suas ruas.

Divulgação
Praça de Česky Budějovice, a cidade da Budweiser checa

O passeio deve começar na praça principal, que tem exatamente um hectare – para quem sempre teve curiosidade em saber quanto um hectare mede na prática, eis aí uma oportunidade de ouro. Nela, destaca-se a uma das maiores fontes da República Checa, batizada de Samsonova kasna. É lá que os jovens costumam se encontrar nos fins de tarde, sobretudo no verão. Nas ruas laterais, mais surpresas: lojas e restaurantes disputam espaço com prédios do século 13, como o Convento dos Dominicanos e a Igreja dos Sacrifícios da Virgem Maria.

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Para ver tudo isso de um ângulo especial, vale a pena subir ao topo da torre gótico-renascentista Cerná vez, que tem 72 metros de altura. Só não vale subir lá depois de visitar a fábrica de Budejovické Budvar, cuja marca Budweiser é a segunda mais famosa do país, atrás apenas da Pilsner Urlquell. Segundo os checos, a Budweiser deles é original e bem melhor que o rótulo homônimo produzido nos Estados Unidos e que ficou famoso em todo mundo. Cá entre nós, eles têm razão. Vá até lá e confira.

Obs: Matéria original publicada na Edição Especial República Checa e Alemanha, da Viaje Mais.

 

 


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