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Desvende as maravilhas de Chiloé, no Chile
- Créditos/Foto:Divulgação
- 04/Fevereiro/2019
- Maria Beatriz Vaccari
O barco navegava entre os fiordes enquanto aves migratórias passavam de um lado para o outro e pinguins nadavam sem pressa nas águas geladas do Oceano Pacífico. Eu e um pequeno grupo de viajantes curtíamos o passeio enquanto degustávamos delícias como cordeiro cozido com framboesas. E é assim, cercado de mimos, que fica ainda mais gostoso conhecer as principais atrações e a natureza praticamente intocada do arquipélago de Chiloé, um dos segredos mais bem guardados do Chile.
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Batizada de Williche, palavra que remete aos povos antigos que habitavam a região, a embarcação que me levava à pacata ilha de Chelin pertence ao Tierra Chiloé, um dos hotéis mais aconchegantes do pedaço. Quem se hospeda por lá pode fazer excursões diárias por terra ou mar na companhia de uma equipe de guias especializados, que além de saber tudo sobre a cultura local é ótima quando se trata de surpreender o hóspede com experiências exclusivas.
Chiloé: entre templos e ilhas
Depois de conhecer a igreja de Nossa Senhora do Rosário de Chelin – um dos 16 templos de Chiloé classificados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco –, e passear pela ilha habitada por pouco mais de 350 pessoas, entrei em um bote motorizado com destino à ilha de Quehui. Navegávamos sem pressa pelo oceano enquanto o guia falava sobre as principais lendas da cultura local e oferecia taças de espumante Casillero del Diablo Devil’s Brut aos passageiros.
Uma vez em terra, os viajantes se dividiram em três pequenos grupos: o primeiro optou por desbravar as terras chilotas pedalando; o segundo quis percorrer parte da costa a bordo de caiaques; e o último, com o qual fiquei, decidiu permanecer no bote para conhecer outras partes do arquipélago.
Quando os passeios acabam, todo mundo retorna ao Williche para degustar mais petiscos bem elaborados e saborear drinques como o tradicional pisco sour – a versão preparada pelos funcionários do hotel leva mel no lugar de açúcar – durante o trajeto até o píer do Tierra Chiloé, que fica de frente para uma área de cultivo de salmão.
Por dentro do hotel Tierra Chiloé
Assim como dita a tradição arquitetônica da região, o prédio com vista para o oceano, é feito em madeira. O design inspirado nas palafitas chama a atenção, mas sem exageros. E é essa mesmo a proposta: um lugar bonito e luxuoso, mas que não ofusque a beleza dos cenários naturais locais e que, de certa forma, se integre em perfeita sincronia com a paisagem.
Dentro do hotel, há grandes janelas com vista panorâmica, sofás próximos a lareiras, lunetas para observar pássaros e até uma espécie de mercado com especiarias típicas e frutas orgânicas, que podem ser provadas a qualquer momento.
Também há dois belos mapas da região de Chiloé, um no lobby e outro em uma mesa de madeira ao maior estilo Game of Thrones. É por meio deles que os guias explicam as principais expedições oferecidas, sempre em passeios de meio dia e dia inteiro, com graus de dificuldade fácil e alta. Tudo para se adaptar ao seu estilo.
O que fazer em Chiloé
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Cavalgadas
Entre as atividades mais procuras em Chiloé estão as cavalgadas. A experiência agrada mesmo quem não está acostumado a montar, já que os cavalos são dóceis e partem rumo ao oeste, passando por cenários cênicos até chegar ao destino principal do passeio: a praia Quento.
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A capital Castro
De lá é possível ter uma vista panorâmica de Castro, capital e porta de entrada do arquipélago. Dependendo da maré, dá até para cavalgar a beira do mar. No caminho, o viajante ainda passa por algumas igrejas, as grandes joias arquitetônicas da região.
A mais famosa de todas é a Paróquia Santa Maria Del Loreto, que fica em Achao, capital da ilha Quinchao e um dos centros de intercâmbio comercial da região. Construída pelos jesuítas em 1740, trata-se de um dos templos mais antigos do Chile. De longe, a arquitetura desperta a atenção.
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O prédio é todo feito em madeira e não conta com um prego sequer. Tudo funciona na base do encaixe ou por meio de junções feitas com tarugos de madeira. Recentemente, o local foi restaurado e, por conta do tipo de construção peculiar, foi preciso marcar peça por peça para recolocá-las exatamente no mesmo lugar. Caso contrário, os profissionais que trabalharam na reforma corriam o risco de não conseguir fazer os encaixes com precisão.
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Dalcahue
Depois de conhecer alguns dos principais recantos católicos das ilhas, vale a pena passar na charmosa região portuária de Dalcahue. Ela funciona como entreposto comercial para as ilhas menores e abriga uma série de lojinhas de artesanato. O grande barato por lá é fazer compras de tigelas, pegadores, cumbucas e travessas feitas em madeira, que unem o estilo rústico ao sofisticado.
O local ainda conta com mercados, como a Cocineria, que vende comidas típicas. Vale a pena experimentar a empanada chilena, que lembra algo entre um pastel brasileiro e uma empanada argentina e pode ser recheada com carne, queijo e mariscos.
Spa para relaxar
Após os passeios, ao retornar ao hotel, a dica é optar por um dos tratamentos oferecidos no belo Uma Spa. Quem não é chegado a massagens pode ficar na piscina aquecida curtindo a vista do oceano pela grande janela de vidro ou então partir para a sauna.
Dessa maneira, você estará com as energias renovadas para os passeios do dia seguinte, que podem passar por parques nacionais, reservas naturais ou simples tours tranquilinhos pelas ilhas.
Independentemente do local escolhido, o viajante estará sempre cercado pelas tradicionais casinhas de madeira construídas sobre palafitas e pintadas em tons de vermelho, amarelo, azul, verde e por aí vai. As cores vibrantes são escolhidas de propósito e apontam uma característica marcante do arquipélago, já que ajudam a dar um ar mais caliente ao clima gelado e ao céu predominantemente fechado da região.
Na minha última noite por lá, depois de me encantar com toda a bagagem cultural e natural de Chiloé, decidi fechar a viagem em alto estilo no bar à meia luz do hotel. Na companhia de aperitivos e de um maravilhoso licor de amêndoas produzido localmente, dei a sorte de me deparar com um lindo pôr do sol pelas janelas panorâmicas que envolviam o ambiente.
Ali, mais do que nunca, percebi que a atmosfera bucólica e tranquila que conquista quem passa pelo arquipélago ia deixar saudades. E que o Chile, realmente, ainda é capaz de surpreender até mesmo o viajante mais experiente.
Obs: texto adaptado de original publicado na revista Viaje Mais Luxo, da Editora Europa.