Notícias
Irlanda do Norte tem Calçada dos Gigantes, rock e Game of Thrones
- Créditos/Foto:Divulgação
- 13/Dezembro/2018
- Paulo Basso Jr.
Apesar de toda a história de Belfast, não é a capital da Irlanda do Norte que conquista o viajante que vai ao país, mas a surpreendente costa norte da região. Afinal, é lá que fica a Causeway Route, uma das rotas de carro mais fascinantes da Europa. Mesmo porque é lá que fica a Calçada dos Gigantes.
LEIA MAIS: VAI VIAJAR? CONHEÇA ALGUMAS DAS RODOVIAS MAIS FAMOSAS DO MUNDO
VIAJE PELAS ESTRADAS MAIS BONITAS DO BRASIL
Pouco conhecida dos brasileiros, a região é margeada por uma estrada cênica que dá acesso a praias (algumas delas de pedra, outras de areia), castelos, monastérios, cachoeiras e falésias estonteantes. Boa parte da Causeway Route já foi usada como locação da série Game of Thrones, uma das mais vistas no mundo atualmente. É o caso do singelo porto de Ballintoy, repleto de pedras, e de Cushendun, praia rochosa onde foi filmada a cena em que a sacerdotisa Melisandre dá à luz um assassino sobrenatural em uma caverna.
Caso não seja fã de Game of Thrones, não se preocupe: a Causeway Route encanta do mesmo jeito. Por isso, separei um dia para fazer a primeira metade da rota, entre Belfast e Bushmills, passando pelo Glenarm Estate & Walled Gardens, um dos jardins mais antigos e belos da Irlanda, que cerca um castelo; e pelas chamadas nove Glens de Antrim, uma região com colinas, cachoeiras e campos de golfe frequentados pelos melhores jogadores do mundo.
Rumo à Calçada dos Gigantes
Foi do meio para o final da tarde, no entanto, que alcancei os pitstops mais impactantes da Causeway. O primeiro deles é a Carrick-a-Rede Rope Bridge, uma ponte feita por pescadores para ligar duas ilhas montanhosas em meio a um cenário idílico, marcado pela água azul-cintilante do mar. Fique com um pouco ansioso em atravessar a estrutura feita com rede de pesca, confesso, mas não há risco algum e as fotos que fiz do lado de lá compensaram qualquer susto.
De volta à estrada, rapidamente cheguei ao ponto alto da rota, a Gian’s Causeway (Calçada dos Gigantes). Trata-se de uma formação geográfica originada a 60 milhões de anos pela grande atividade vulcânica que existia na área, responsável por gerar mais de 40 mil colunas de balsato que parecem encaixadas umas às outras como se fossem um punhado de lápis em pé desenhando a costa recortada da região. De tão bonita, a paisagem local foi retratada na capa do álbum Houses of the Holy, da famosa banda de rock inglesa Led Zepellin.
Paguei 10 libras para ter acesso ao local e passei quase duas horas por lá, fazendo fotos, andando pela “calçada” e curtindo, no áudio guia, a lenda que diz que uma discussão entre gigantes escoceses e irlandeses deu origem à região (ali pertinho, do outro lado do Oceano Atlântico, há um pedaço da Giant’s na costa da Escócia, mas não tão bonito quanto o da Irlanda do Norte).
Castelo do Led Zepellin
Naquela noite, que seria a última da minha viagem pela Irlanda, me hospedei no Bushmills Inn, um hotel-butique cheio de estilo e com um restaurante de ótimo nível, onde se pode provar filés temperados com cogumelos e o uísque Bushmills, um dos melhores da Irlanda (a destilaria, inclusive, fica próxima ao hotel e pode ser visitada).
Ainda embebedado com a imagem da Calçada dos Gigantes na cabeça e depois de comer um excelente queijo com Guinness no café da manhã, segui viagem até o Dunluce Castle, um castelo em ruínas debruçado sobre um penhasco e que também foi usado no encarte de Houses of the Holy, do Led Zepellin.
O local fica a um pulo de Downhill, onde se encontra o singelo templo Mussenden, fincado em uma falésia de 36 metros de altura. Lá embaixo, estende-se uma praia de areia que quase lembra as brasileiras, bem mais bonita do que as faixas litorâneas de pedras comumente encontradas na região.
Sunday, Blood Sunday
A bela paisagem marca o fim da Causeway Route, mas antes de voltar a Belfast, de onde partiria o meu avião, resolvi esticar o caminho por uma hora até Derry, a cidade onde aconteceu o Domingo Sangrento, retratado na música Sunday, Blood Sunday, do U2. O centro histórico da cidade tem um muro medieval e é interessante caminhar por lá para conhecer um pouco mais da histórica batalha entre católicos e protestantes na região.
De lá, segui por uma rodovia rápida até as Dark Hedges, mais um lugar retratado na série Game of Thrones. Para chegar à região, perto de Ballymoney (também dá para visitá-la saindo da Causeway Route rumo ao interior na altura de Ballycastle), cruzei uma estrada sinuosa, com vales e campos repletos de carneiros, até conseguir localizar uma estrada coberta por galhos retorcidos de faias centenárias.
O corredor bucólico, que aparece no início da segunda temporada da série, me soou como uma síntese perfeita da Irlanda: uma ilha que extrai de sua história emaranhada uma beleza cativante e original, que não se encontra em nenhum lugar e merece ser celebrada com um belo pint de Guinness ou um copo de uísque triplamente destilado.
Texto originalmente publicado na revista Viaje Mais Luxo, da Editora Europa.