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Quatro mulheres encaram 11 dias na Amazônia
- Créditos/Foto:Juma Produção
- 24/Novembro/2016
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Visitar a região da Amazônia é descobrir uma boa parte da cultura brasileira que se espalhou por todas as regiões do Brasil. Quem não conhece ou ao menos ouviu falar do artesanato indígena, do ritmo do carimbó e da culinária típica da região, preparada com castanhas, peixes como o tucunaré e o pirarucu na grelha? E a bebida que treme, feita com jambu?
Resolvemos fazer essa viagem em quatro pessoas para comemorar uma amizade de infância. Isso facilitou muito nossa logística e deixou a viagem mais barata. O roteiro consistia em chegar de avião em Manaus, no Amazonas, pegar um barco de 34 horas para Santarém e seguir para Alter do Chão, no Pará. Foram 11 dias conhecendo as cidades e navegando pelos rios da região Amazônica.
Em Manaus, alugamos (pelo Booking.com) um apartamento no Centro, bem próximo ao Mercado Municipal, ao Teatro Amazonas e ao porto, de onde saem barcos para diversas cidades. Chegamos na madrugada de segunda-feira e já havia um táxi nos esperando, indicado pelo proprietário do apartamento. Combinamos com o próprio taxista uma rápida viagem até Presidente Figueiredo, que foi nosso roteiro do primeiro dia.
A cidade, que fica a mais ou menos 130 quilômetros de Manaus, é conhecida pelo turismo ecológico: lá você encontra recursos naturais, grutas, trilhas e 48 cachoeiras catalogadas. O ideal é sair bem cedo de Manaus para aproveitar o dia e conhecer ao máximo as belezas do local. Pela estrada, já começam a aparecer estruturas de palha que oferecem um café da manhã reforçado, com tapioca de queijo e tucumã (um coquinho bem tradicional), banana-chips, cuscuz e cafezinho fresco.
Durante a visita, conhecemos a cachoeira de Iracema e almoçamos na região do Urubuí, uma queda ampla de água cercada por restaurantes típicos. Ali, já iniciamos a maratona gastronômica com uma muqueca de tucunaré. Mas pode ser também de pirarucu ou tambaqui.
Desde o começo da viagem, decidimos fazer passeios independentes para nos deixar surpreender com a descoberta de cada lugar, ao vivo e a cores. Claro que o encontro das águas entre o Rio Solimões e o Rio Negro não podia faltar. Para conhecer esse fenômeno lindo da natureza, dá pra contratar agências ou ir direto ao Porto do Ceasa e alugar uma lancha individual.
Na hora de combinar o passeio, nosso guia Max ainda se ofereceu para nos levar à comunidade do Lago do Catalão. Fomos a uma casa de artesanato e a um restaurante no estilo bufê livre. Todos flutuantes, construídos sob o rio. Ainda na região, tivemos a surpresa de ver as crianças da escola ensaiando uma peça musical. Na loja, nos deparamos com diversas peças locais e, do restaurante, seguimos por uma trilha para conhecer a flor da vitória-régia.
O tour acabou no início da tarde e partimos de táxi para o Teatro Amazonas. O local estava fechado por um problema técnico, mas o segurança nos informou que, de noite, haveria um concerto de músicas espanholas com apresentação do grupo de dança de Manaus. De graça. Assim, descobrimos também que grande parte dos espetáculos que rolam no Teatro é gratuita, e que Manaus oferece muitos shows e uma farta programação artística. Para sabe mais, basta curtir a página do Facebook.
Depois de dois dias intensos em Manaus, seguimos a viagem com um barco de 34 horas para Santarém, onde ainda iríamos pegar uma estrada de 40 minutos de carro até Alter do Chão. O melhor dia para fazer essa viagem é de terça-feira, pois saem ao menos três barcos dessa rota. Como fomos na quarta, havia apenas um barco disponível.
Por R$ 120 você fica em redes disponibilizadas e instaladas pelos funcionários do barco (depois você as leva de lembrança). Por R$ 500 (vale chorar), a viagem rola em cabines duplas com ar-condicionado e banheiro privativo (essa é a mais vantajosa). São três andares: o térreo leva geladeiras, motos, móveis, caixas e mais caixas para transporte; o segundo, fechado, tem ar-condicionado e muuuuita gente (não vale a pena); o terceiro, aberto, tem um bar com música no ritmo arrocha rolando o tempo inteiro. Bastante gente, mas com passagem de ar o tempo inteiro.
O barco ainda vende marmitas de peixe, frango ou carne e café da manhã. Uma dica importante é levar pouca bagagem, pois você é responsável pelas malas durante toda a viagem. Tem tomadas para carregar o celular, e algumas pessoas pegam extensões e as levam até a rede.
A viagem é uma ótima experiência para contemplar os rios Negro e Amazonas até chegar no Tapajós. Também dá para terminar aquele livro longo e dormir muuuito. Só não pode ter muita frescura para conforto, comida e higiene nos banheiros.
ALTER DO CHÃO
Alter do Chão, já no Pará, é uma antiga vila indígena, hoje reduto de turistas que apreciam as belezas naturais das praias de água doce do Rio Tapajós. A mais conhecida é a Ilha do Amor, que fica bem em frente à vila e costuma lotar aos finais de semana.
Alter se divide praticamente em duas estações: de fevereiro a junho acontece a cheia. As praias e a Ilha do Amor desaparecem, deixando a vila mais tranquila e com poucos turistas. De junho a fevereiro é a época de seca, alta temporada por lá, com muitas praias para conhecer.
Decidimos alugar uma casa pelo Airbnb, a 15 minutos a pé da vila e a 2 minutos a pé da praia do Carauari, uma das mais belas e tranquilas da região. Agendamos um passeio de dia inteiro com o guia Augusto. Ele nos pegou na praia do Carauari e começamos o dia pela Praia de Ponta de Pedras, com águas em tons dignos do Caribe e pedras para captar fotos em ângulos privilegiados. Encomendamos o almoço e seguimos pelo Rio Tapajós até chegar ao Rio Amazonas e entrar no Jari, um canal para se observar os botos, pássaros, árvores e conhecer a flor da vitória-régia com um bom papo na casa do Seu Evandro Tapajós, moradora da região.
À tarde, ancoramos o barco na ponta do Tapari e ficamos no estilo “bem de boa” no Lago Preto, com águas cristalinas e muitos peixes passeando por baixo d’água.
O pôr do sol na Ponta do Cururu também é famoso, e não à toa. O sol baixa na linha do horizonte, refletindo na água à medida que desce e deixando o rio prateado. Na manhã seguinte, Augusto ainda nos levou a um passeio rápido pelos igapós próximos à vila.
Além das belezas naturais, a vila de Alter do Chão é super charmosa. O fim de tarde lá rende visitas às lojas artesanais e uma cervejinha com tacacá, prato típico feito à base do tucupi (caldo da mandioca), goma de tapioca, folhas de jambu (que dá uma leve dormência na boca) e camarão. Quase todos os dias, seja na praça ou em algum restaurante, o ritmo do carimbó começa a soar pela vila. E mesmo sem conhecer a dança, você vai acabar na “pista” trocando passos com os moradores e turistas.
Em nosso roteiro, ainda faltou uma visita à Flona (Floresta Nacional do Rio Tapajós), unidade de conservação da natureza com mais de 160 quilômetros de praias e paisagens de rios, lagos, florestas e diversidade animal. É lá que vivem os indígenas da Etnia Munduruku. Para agendar os passeios com antecedência, basta acessar site do Augusto. Vai ficar para a próxima!
Foram 11 dias de vivência da cultura amazônica. É uma viagem essencial para conhecer as raízes brasileiras e também relaxar entre as praias de rio e muita natureza.
Texto produzido pela Juma Produção, parceira do Rota de Férias.