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De São Paulo ao Parque Nacional do Jalapão de carro
- Créditos/Foto:Valter Minari
- 19/Janeiro/2017
O planejamento de uma viagem de carro a dois varia bastante de casal para casal. Antes de sair de casa, é preciso decidir quantas horas dirigir por dia, em quais locais serão feitas as paradas, se o volante será dividido e quanto tempo por dia será necessário permanecer na estrada. Tudo isso da maneira mais confortável para cada um. Foi isso que eu e Valter, meu namorado, fizemos com calma ao decidir rodar de São Paulo (SP) até Palmas (TO) com o objetivo de percorrer o entorno do fascinante Parque Nacional do Jalapão.
Para curtir a road trip a nossa maneira, passamos em média 11 horas por dia dentro do carro – uma Mitsubishi Pajero Tr4. Cumprimos o ritual básico das viagens longas e preparamos as malas com roupas leves e tênis confortáveis. Afinal, nunca se sabe onde você vai pisar. O check list ainda incluiu repelente, GPS, um bom dispositivo para escutar música e acesso internet – que nem sempre funciona nos pontos mais remotos. No geral, você só vai encontrar wi-fi nos hotéis e pousadas.
Pé na estrada
Com o roteiro planejado e a mala feita, partimos de São Paulo em direção a Araçatuba (SP), a aproximadamente 500 quilômetros da capital. Passamos por lá para deixar nosso cachorrinho com a família do meu namorado. Depois disso, logo pela manhã, colocamos o pé na estrada.
Em Minas Gerais, passamos por Iturama, Campina Verde e pegamos a BR-153 na altura da cidade de Prata. Seguimos por ela no sentido norte indo pela pista dupla até Anápolis, já em Goiás. Nesse dia, percorremos 900 quilômetros e chegamos à cidade de Ceres (GO), onde dormimos no Hotel Dom Antonio, que funciona 24 horas por dia e é uma boa dica. Depois de horas em um carro, nada melhor que uma boa cama para descansar.
No dia seguinte, a atmosfera da viagem começou a mudar. Até Goiânia (GO) você ainda encontra boas paradas, com banheiros limpos, lugares para comer e tomar um bom café expresso. A partir de Ceres, porém, o bicho pega, com menos banheiros e lugares para comer. Por isso, é legal levar comida e água no carro. Saímos de manhã e almoçamos em Porangatu (GO), na churrascaria Eldorado, que é bem limpinha e tem comida caseira.
Depois de comer, seguimos pela BR-153. Esse trecho da viagem requer muita atenção, pois a estrada é esburacada e cheia de caminhões. Quando estávamos próximos de Gurupi, já no Tocantins, paramos no BR Delcio autoposto. É um bom pit stop, com banheiro limpo, café expresso e farmácia.
Renovados, seguimos pela rodovia estadual TO-080 e finalmente chegamos em Palmas, onde passamos a noite no Hotel Italian Palace. Aproveitei a parada para fazer contato com a pousada onde iríamos ficar em Mateiros (TO). Nós decidimos continuar a viagem por São Felix (TO), mas também dá para ir por Ponte Alta (TO), que faz a volta pelo outro lado.
Nas estradas do Tocantins, passamos por Taguaruçu, Buritrana e Santa Tereza do Tocantins, no sentindo Novo Acordo, até chegar em São Felix. Ali conhecemos o fervedouro do Alecrim, que fica na beira do Rio do Sono. Pagamos R$ 10 por pessoa e um menino nos guiou até entrarmos no fervedouro. A experiência é legal e estranha ao mesmo tempo, já que a pressão da água te joga para cima. Depois de curtirmos por lá, seguimos viagem e, no final da tarde, já estávamos em Mateiros, na pousada da Dona Bibi, chamada Vereda Tropical.
Parque do Jalapão
Quando finalmente chegamos ao Jalapão, nosso primeiro passeio foi conhecer a clássica Cachoeira da Formiga, que é maravilhosa. A água é cristalina e a temperatura agradável – vale a pena levar óculos de mergulho. Deu para fazer muitas filmagens com a GoPro e relaxar para valer.
Depois fomos conhecer o Encontro das Águas, onde o Rio do Sono encontra o da Formiga. Aproveitamos para entrar no fervedouro do pedaço, que é pequeno, com bastante pressão. Parece que você tá afundando no chão, mas é divertido. Saímos com areia até na alma. O ideal é ir primeiro no fervedouro e depois tirar a areia do corpo no Encontro das Águas. A gente não chegou a conhecer, mas o Fervedouro do Bela Vista, em São Felix, é o maior de todos.
Dizem que a história do Jalapão começou no Fervedouro do Ceica, próximo ao povoado de Mumbuca, onde fica a cooperativa de artesanato. Vale a pena ver as obras de arte que eles fazem com capim dourado. De volta a Mateiros, também tem uma lojinha legal para ver mais arte, além de sacar dinheiro e abastecer.
No fim do dia, decidimos ver o pôr do sol nas dunas. Se quiser fazer igual, prepare-se para andar e encarar uma boa trilha 4×4 de carro. Como a época do ano era seca, a estrada estava bem arenosa. Não tinha muitas opções para comer, mas encontramos o restaurante da Dona Rosa, que servia comida simples feita na hora.
Mais cachoeiras
No dia seguinte, saímos cedo rumo à Cachoeira da Velha. Atendemos às instruções de um morador local e conseguimos reduzir o trajeto em 10 quilômetros por meio de uma estradinha de terra, indicada apenas para quem gosta de aventura e tem um bom carro. No caminho, passamos pelo Mirante do Espírito Santo, mas não chegamos a subir. É preciso caminhar cinco quilômetros para ter uma vista legal.
A Cachoeira da Velha e o Rio do Sono ficam dentro do Parque do Jalapão, assim como as Dunas. Antigamente, a região era usada pelo narcotraficante colombiano Pablo Escobar. O pessoal diz que se plantava maconha por lá. Nesses lugares dentro do parque não é preciso pagar ingresso. Você só dá dinheiro se quiser colaborar.
Terminamos o dia chegando à Ponte Alta (TO) e ficamos em uma hospedagem indicada pela nossa anfitriã em Mateiros: a Pousada Planalto, da Dona Lázara. Ao redor da cidade, ainda conseguimos conhecer a cachoeira do Sussuapara. A lenda diz que o local é um portal dos gnomos e que, quem passa por lá, deve fazer três pedidos. Na dúvida, por que não?
Logo partimos em direção à Cachoeira do Lajeado, umas das trilhas de carro mais radicais do roteiro. Tem hora que achava que não ia chegar nunca, mas no final acaba dando certo. Foi o passeio mais roots, sem dúvida. A compensação, entretanto, se dá diante da cachoeira, que é linda. Dá até para subir nas pedras e fazer altas fotos. Foi um programa para fechar com chave de ouro a nossa viagem pelo Jalapão, um lugar maravilhoso e que vale a pena conhecer.
*Texto produzido pelo blog Sem Rotina, parceiro do Rota de Férias.