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Como é ficar no Avani Victoria Falls Hotel, nas Cataratas de Vitória
- Créditos/Foto:Paulo Basso Jr.
- 09/Outubro/2025
- Paulo Basso Jr.
Quando comecei a planejar minha viagem a Victoria Falls (Cataratas de Vitória), uma amiga me deu uma daquelas dicas de ouro que mudaria completamente minha experiência: hospedar-se dentro do parque nacional. Foi assim que cheguei ao Avani Victoria Falls Hotel, do lado da Zâmbia, e fui imediatamente cativado pela proximidade das quedas d’água.
A sensação de ficar por lá é única: em caminhadas curtíssimas, dá para chegar às trilhas que levam aos mirantes, ouvir o rugido do Rio Zambeze despencando pelo cânion e até jantar com vista para as cataratas. Tudo isso a três ou quatro minutos do hotel, que invariavelmente conta com a presença de animais selvagens, como girafas, impalas, macacos e zebras – e nos lugares mais inusitados.
Só tinha vivenciado algo parecido com isso em Foz do Iguaçu, quando passei algumas noites no Hotel das Cataratas, justamente por ele ser o único a ficar dentro do Parque Nacional das Cataratas do Iguaçu, o lado brasileiro da região (no Parque Nacional Iguazú, na Argentina, há outra opção, o Gran Meliá Iguazú). Aqui, vale dizer, inclusive, que desfrutar desse tipo de experiência é algo tão incrível que o Hotel das Cataratas foi eleito pela Forbes, em 2025, como um dos mais surpreendentes do mundo.
Hotel em Victoria Falls

O assunto deste texto, porém, é Victoria Falls. E que assunto! Para quem não conhece, as Cataratas de Vitória estão localizadas na fronteira entre Zâmbia e Zimbábue, no sudoeste da África. Com mais de 1.700 metros de extensão e 108 metros de altura, formam a maior “cortina líquida” do mundo. O espetáculo de água, spray e arco-íris levou a região a ser apontada como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco e um destino imperdível para qualquer amante da natureza.
Na hora de ver tudo isso de perto, é fundamental escolher bem onde ficar. Há muitas opções de hotéis nas cidades mais próximas das cataratas: Victoria Falls, no Zimbábue, com mais infraestrutura turística, e Livingstone, na Zâmbia. E o melhor de tudo é que existem desde pousadas simples até lodges luxuosos, o que abre o leque para todos os bolsos.
Dentro do parque nacional

Para aproveitar ao máximo as Cataratas de Vitória, porém, sugiro seguir a dica da minha amiga – e agora, minha também: ficar dentro do parque nacional, onde a proximidade com as trilhas e mirantes oferece experiências únicas. Sem contar a confiança na organização dos tours com guias efetivamente especializados. O investimento é um pouco maior, mas se puder, nem pense duas vezes, pois faz toda a diferença.
Com todas essas informações em mãos e depois de muita pesquisa, resolvi me hospedar no Avani Victoria Falls Hotel. E não me arrependi nem um pouco.
Avani Victoria Falls Hotel

Há um bocado de hotéis próximos do Parque Nacional de Victoria Falls, do lado do Zimbábue, mas não exatamente dentro dele. Já na Zâmbia, o parque muda de nome para Mosi-oa-Tunya (Fumaça que Troveja) e abriga não apenas o Avani Victoria Falls Hotel, mas também o vizinho e luxuoso Royal Livingstone Victoria Falls Zambia Hotel by Anantara. Ambos pertencem à mesma rede hoteleira. Foi neste último, inclusive, que vi girafas bem ao lado dos quartos.
Minha escolha pelo Avani Victoria Falls Hotel, entretanto, levou em consideração o fato de ele ser efetivamente o mais próximo das cataratas e, também, o que sai mais em conta entre os dois. As diárias não são baratas (confira aqui), mas os benefícios são tantos que acaba compensando.
Como é o Avani Victoria Falls Hotel

Autêntico, o Avani Victoria Falls Hotel oferece uma experiência completa de imersão na natureza africana. Localizado a 500 metros da Victoria Falls Bridge, que separa a Zâmbia do Zimbábue, e a três minutos a pé do acesso às trilhas do Parque Nacional de Mosi-oa-Tunya, o hotel permite que você aproveite cada minuto na região sem se preocupar com longos deslocamentos.
Ali mesmo, inclusive, dá para contratar passeios guiados, sobrevoos de helicóptero, tours de trem e cruzeiros em estilo safári pelo Rio Zambeze. Isso sem contar, caso viaje na estação seca (de maio a outubro), a aventura na Devil’s Pool, piscina natural que fica em uma ilha chamada Livingstone Island, incrustrada precisamente na borda de uma catarata com mais de 100 metros de altura. Aqui, conto todos os detalhes dessa experiência insana.
Infraestrutura

Os quartos do Avani Victoria Falls Hotel são modernos e confortáveis. A acomodação em que eu fiquei tinha cama king, armário e banheiro com uma ducha poderosa. Isso sem contar a vista para a piscina, que – acredite! – é frequentada diariamente por animais selvagens.A arquitetura do hotel, que remete à histórica cidade de Timbuktu, no Mali, cria um ambiente original e acolhedor, com prédios baixos, vidros amplos e paredes de terracota. O restaurante principal, Theatre of Food, serve um farto café da manhã e fica ao lado da enorme piscina e de uma ponte que o liga a um bar central. Para quem gosta de agito, este é o point durante a noite.
Os hóspedes também podem desfrutar de experiências exclusivas, como piqueniques privados com zebras e girafas, refeições em estilo boma (típicas africandas) e jantares personalizados à beira das cataratas. Vou contar tudo isso em detalhes abaixo.
Além disso, o Avani Victoria Falls Hotel oferece serviço de transporte privado desde o aeroporto, o que achei muito útil, principalmente por conta da passagem pela imigração entre o Zimbábue e a Zâmbia (cheguei na região pelo Victoria Falls International Airport, que fica no Zimbábue e tem voos diretos desde Joanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul). O motorista acompanha até mesmo na hora de apresentar os documentos, o que passa bastante segurança.
Experiência com animais

Assim que cheguei ao Avani Victoria Falls Hotel, fui recepcionado por dançarinos típicos zambianos e taças de espumante. Tão logo deixei a bagagem no quarto, reparei que havia uma grande porta de vidro voltada para o jardim. Nela, um singelo recado: “Mantenha a fechadura travada, para evitar a entrada de macacos”.
Algo, porém, fez eu desprezar a recomendação e abri-la imediatamente: na beira da piscina, a cerca de dez passos da acomodação, uma zebra bebia água na piscina. Assim mesmo, numa boa!
Enquanto tirava fotos, reparei que os demais hóspedes, inclusive os que estavam nadando praticamente ao lado do animal, não estavam nem um pouco chocados, como eu. Descobriria o motivo mais tarde: aquela cena é corriqueira no Avani Victoria Falls Hotel, uma vez que o hotel fica dentro do parque e seu terreno é diariamente frequentado não apenas por zebras e macacos-verde africanos, mas também por impalas, mangustos (da família dos suricatos) e girafas.
De fato, vi todos eles, muitas vezes, nos dias seguintes – inclusive mais zebras bebendo água na piscina e macacos tentando furtar comida no café da manhã (sem sucesso, graças ao cerco dos funcionários). Para se ter uma ideia, um dia acordei e demorei alguns minutos para chegar no café da manhã, pois tinham impalas no caminho e macaquinhos correndo em volta da piscina. Outra noite, voltando do jantar, também tive que dar meia-volta, pois uma zebra estava bem no meio da passagem.
Aqui, uma consideração importante: não é um zoológico. Os animais que frequentamo terreno do Avani Victoria Falls Hotel são selvagens e estão soltos. Apesar de estarem acostumados a humanos, não é recomendado se aproximar deles. Tocar, então, nem pensar. O ideal é pasar sempre pela frene deles e, com certa distância, fotografar e filmar. Respeitando-os, você é respeitado também. A não ser pelos macacos, caso deixe a porta do quarto aberta.
Proximidade com as cataratas (Zam e Zim)

O ingresso do Parque Mosi-oa-Tunya, o lado da Zâmbia de Victoria Falls, custa US$ 20, mas quem fica no Avani Victoria Falls Hotel não paga: basta apresentar o cartão do quarto em uma entrada exclusiva que fica praticamente dentro do hotel e, quando você menos percebe, já começa a escutar o barulho d’água.
Em cerca de 30 minutos, dá para ir aos principais mirantes, como a Knife-Edge Bridge, uma pequena ponte da qual dá para avistar, de um lado, a Eastern Cataract e as Rainbow Falls, maiores cachoeiras do pedaço e, do outro, o The Boiling Point, onde o Rio Zambeze faz uma curva acentuada antes de mergulhar no Desfiladeiro de Batoka, sobre o qual está a Victoria Falls Bridge.
Já para ir ao Parque Nacional de Victoria Falls, do lado do Zimbábue, que é maior e mais organizado, é preciso atravessar a fronteira e pagar US$ 50 por pessoa. Depois de analisar bem a região, optei pelo passeio guiado oferecido pela agência Bushtracks, que custa US$ 60,90 mais o valor de entrada no parque e pode ser contratado no próprio Avani Victoria Falls Hotel. Eles te pegam no hotel, ajudam com o processo da imigração e promovem tours dos dois lados das Victoria Falls.
Em pouco mais de uma hora dá para ir a todos os mirantes principais, dos quais dá para ver as Rainbow Falls, as Horseshoe Falls, as Main Falls e a Devil’s Cataract de diversos ângulos. O barulho é ensurdecedor e o spray sobe alto, ao ponto de, mesmo no período seco, molhar quem está do outro lado. Em certos trechos, principalmente diante das Main Falls, parece estar chovendo forte. É incrível.
Jantar nas cataratas

Uma das experiências mais memoráveis do meu roteiro em Victoria Falls foi um jantar exclusivo preparado à beira das cataratas depois que o parque é fechado para o público regular. Organizada pelo Avani Victoria Falls Hotel, a refeição foi montada no Rainbow Lunar Point View, um mirante privilegiado do lado da Zâmbia, onde o som e a energia da água caindo tornam a refeição ainda mais especial.
O jantar incluiu um braai africano, típico churrasco feito com carvão, preparado pelo chef Tuwan Halikeen Mohamed, que já trabalhou em restaurante estrelado no Burj Al Arab, em Dubai. A experiência foi organizada de forma privada, garantindo que apenas eu, a Dani (minha esposa) e alguns funcionários estivéssemos presentes, tornando o momento intimista e exclusivo.
A paisagem, principalmente, é estarrecedora. No cânion talhado ao longo de milhões de anos pelo Rio Zambezi, algumas quedas-d’água despencam graciosamente pelo vertiginoso penhasco até formarem um spray e se perderem de vista no horizonte. Ao pôr do sol, o céu exibe um laranja tão intenso que até um trem, que no dia em que estava lá avançava lentamente sobre a cênica Victoria Falls Bridge, resolveu parar para assistir ao espetáculo e ali permaneceu por algumas horas.
“Se você está encantado assim no período seco, precisa ver no cheio, quando o spray d’água é tão grande que, às vezes, nem dá para ver o outro lado. Parece estar chovendo o tempo todo num raio de quilômetros. Você tem que voltar para ver ”, aconselhou Godfrey Masule, supervisor de alimentos e bebidas do Avani Victoria Falls Hotel e responsável por organizar o jantar nas cataratas. Certamente, voltarei!
Mukumi Boma

Outro vantagem de se hospedar no Avani Victoria Falls Hotel é participar, em alguns dias da semana, do Mukumi Boma, jantar típico que combina gastronomia local com apresentações culturais ao ar livre. Túnicas são entregues para todos os participantes se ambientarem.
A refeição é preparada em meio a uma réplica de vila tribal, com lojas de artesanato e mesas postas em frente a um palco, onde músicos e dançarinos se apresentam com instrumentos de percussão, como tambores e xilofones. Durante o espetáculo, homens engolem fogo e há performances de entidades tradicionais, convidando os turistas a participar da festa e se envolver com a cultura local.
Em um bufê enorme, é possível servir-se de saladas, sopas, carnes grelhadas (inclusive de crocodilo), peixes de água doce e legumes assados. Isso sem contar alguns pratos típicos da Zâmbia, como ifisashi, legumes cozidos com amendoim; salada kapenta, feita com pequenos peixes secos e frescos; e o exótico vinkubala, lagartas comestíveis muito apreciadas por lá. Cozidas e depois secas, lembram um salgadinho, com um sabor que não consigo definir melhor do que “esquisito”.
Se tudo isso for demais para você, não se preocupe: há também pratos tradicionais, como saladas, arroz branco, batata cozida, frango, bife, bisteca de porco e um delicioso (porém espinhento) peixe frito chamado brema, da família das carpas. Isso sem contar boas sobremesas.
Piquenique no Avani Hotel Victoria Falls

Quem se hospeda no Avani Victoria Falls Hotel também pode fazer um piquenique exclusivo em uma ilha privativa situada dentro do hotel, acessada por uma pequena ponte. A refeição incluiu pães, queijos, saladas, rolinhos primavera, fritas, peixe, frango, frutas e doces, acompanhados de espumante e drinques.
Como se não bastasse – e certamente porque deixaram alimentos por lá –, algumas zebras (inclusive uma bebê) e uma girafa adolescente surgiram em uma das margens do lago. E ali ficaram o tempo todo à nossa vista. É ou não de se apaixonar?
Serviço

- Onde fica: Mosi-oa-Tunya Road, Livingstone 20100, Zâmbia
- Quanto custa: Os preços das diárias variam de acordo com o tipo dos quartos e a época do ano. Consulte no link abaixo.
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